Rappi quer enfrentar iFood oferecendo entrega em 10 minutos; briga coloca em risco a vida dos entregadores em claro desrespeito à Lei Federal 12.436

Na briga das gigantes do setor de entregas delivery de duas rodas, a Rappi, num claro desafio à hegemonia do iFood, aposta num tipo de serviço em total contradição em relação a segurança e desrespeito à Lei Federal 12.436, que proíbe expressamente todas as empresas que atuam com entregas express feitas com motocicletas, apressar ou oferecer brindes para os trabalhadores entregarem as encomendas.

E passando por cima dessa lei assinada em 2011, a Rappi promete através dos trabalhadores cadastrados em sua plataforma, entrega ultrarrápida em até dez minutos, um desafio e tanto para os entregadores motociclistas e ciclistas em cidades com trânsito caótico como São Paulo, por exemplo.

A promessa da Rappi é entregar tudo o que o cliente precisa de imediato, como itens para um café da manhã, sorvetes, bebidas geladas, lanches, refeições, remédios etc. Basta que ele apenas aperte o novo botão “Turbo” no app para receber tudo no conforto de seu lar e escritório, entre outros lugares.

Porém, um dos problemas em relação a essa super entrega expressa é que o pedido, por si só, leva em média dois – três minutos para serem separadas dentro das darks store (lojas especiais da Rappi), enquanto o entregador parceiro está a caminho para retirada, sobrando de sete a oito minutos para ele realizar a entrega na sequência.

Impossível isso ser feito, sem arriscar-se acelerando mais e, talvez, desobedecer um ou outro sinal de trânsito.

Essa atitude da Rappi, assim como do iFood que também tem esse serviço, só que em 15 minutos, só mostra o desrespeito destas empresas com os entregadores, promove mais ainda a precarização do setor, contribui para o aumento de acidentes e incentiva o entregador a arriscar-se mais nas vias públicas das cidades onde o serviço será instalado.

Especialistas em segurança viária já alertaram que estes tipos de ações das empresas de aplicativos aumentam número de acidentes envolvendo motocicletas.

Ainda de acordo com a empresa, entregar o pedido em até 10 minutos é um comprometimento com o usuário, mas e o entregador, que é o intermediário desse negócio entre a empresa e o cliente, como fica?

A resposta… usado, trocado e abandonado em caso de acidentes.

Na prática, isso é um total descaso com a vida dos trabalhadores e falta de responsabilidade social destas empresas, que deveriam sim, incentivar pilotagem segura, respeito as regras de trânsito, entre outros fatores que aumentassem a segurança.

Mas, na realidade, isso pouco importa porque tem milhares de outros entregadores para assumirem o lugar daquele que se foi, ou, por conta de um acidente mais grave, não poderá mais exercer a profissão.

Dessa forma e, mais uma vez, os trabalhadores ficam à mercê destas empresas que exploram e escravizam os entregadores. Ficam também a espera do cumprimento da promessa do presidente Lula, na campanha presidencial, de acabar com a precarização trabalhista.

E vai ficando, esperando por tempos melhores no exercício da profissão, isso se não vier a óbito antes por conta do desprezo com a vida destas empresas que só pensam no dinheiro.

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