CET afirma que “faixa virtual” não impactará trânsito e segurança na Avenida 23 de Maio

Por causa da implantação da chamada “faixa azul” ou “faixa virtual” para motos na Avenida 23 de Maio, na Capital Paulista, a largura do espaço dedicado ao transporte coletivo vai diminuir. Em geral, os ônibus contam com 3,85 metros, com alguns pontos atingindo cerca de 5,4 metros.

Com a nova faixa para as motos, a de ônibus terá 3,4 metros de largura em toda a extensão do projeto, de aproximadamente seis quilômetros entre o início da via – Praça da Bandeira até o Cebolinha, que é o Complexo Viário João Jorge Saad, no sentido Santana/Aeroporto.

Motoristas de ônibus e profissionais de fiscalização de tráfego entraram em contato com o Diário do Transporte receosos sobre esta redução. Segundo estes trabalhadores, há questões como volume de tráfego, alta circulação de ônibus de grande porte com 23 metros de comprimento, os pontos cegos nestes veículos extensos e a necessidade de andar mais junto à guia. Um ônibus tem largura entre 2,5; 2,6 e 2,65 metros.

A reportagem conversou com o diretor de planejamento e projetos da CET, Luiz Fernando Devico, na tarde da última terça (11). Luiz diz acreditar que não haverá problemas quanto à segurança e o desempenho do transporte coletivo. De acordo com ele, 3,4 metros de largura de faixa de ônibus é o que pode ser encontrado na maior parte dos pontos da cidade, sendo que em alguns lugares, como na Rebouças, corresponde entre 3,1 e 3,2 metros.

“No dia a dia, eles [motoristas de ônibus] vão ver que não vai alterar a dinâmica deles. A velocidade é de 50 km/h na faixa exclusiva e o raio de curva é bom. São 3,4 metros de faixa, mais 50 centímetros de sarjeta e mais 20 cm da pintura, o que vai dar 4,10 metros”, disse Devico ao acrescentar que no sentido oposto, para quem vai do Aeroporto para Santana, toda a faixa de ônibus já é de 3,4 metros de largura.

A pintura da faixa azul das motos deve ser concluída até 24 de janeiro. A operação será experimental por seis meses e, se antes disso, houver necessidade, poderão ser feitas mudanças. A expectativa da prefeitura de São Paulo é reduzir em 30% o total de acidentes na avenida 23 de Maio envolvendo motos.

Segundo a CET, será a primeira vez que a cidade de São Paulo terá sinalizações e placas específicas para motociclistas.

Ao longo do trecho, serão colocadas placas alertando, por exemplo, o motociclista a facilitar a mudança de faixa pelos carros, um dos momentos quando mais surgem acidentes. A cidade de São Paulo já teve experiências em espaços para motos, como nas avenidas Sumaré e Vergueiro, que não foram bem sucedidas.

Devico disse que há diferenças entre a faixa azul da 23 de Maio e das demais faixas que foram implantadas e não deram certo.

“Aquelas faixas eram exclusivas para motos, a faixa azul não será. Na Vergueiro foi implantada como opção para tirar moto da 23 de Maio. Agora entendemos que se cria um espaço assim só em áreas de alto volume de motocicletas, senão se transforma aquela faixa para moto numa pista de corrida. Outra diferença é que tanto na Sumaré como na Vergueiro, se colocou motociclista do lado esquerdo e isso mudou a realidade de onde ele trafegava, além de ter deixado a moto do lado do pedestre, e aí gerava problemas. Além disso, a moto ficou onde seria a conversão, com cruzamentos em nível, e às vezes tinha entrelaçamento de cruzamento e a moto vinha e colidia” – disse

Segundo a CET, a 23 de Maio é a quarta via por onde mais passam motos na cidade de São Paulo, com 2038 motocicletas por hora no pico, ficando atrás apenas de Marginal Pinheiros (4344), Radial Leste (2318) e Marginal Tietê (2133).

Em três anos, entre 2018 e 2020, foram registrados na 23 de Maio, 150 acidentes, dos quais, 117, ou 78%, tiveram moto envolvida. Dos 159 feridos e 12 mortos em todos os acidentes na 23 de Maio neste período, segundo a CET, 129 feridos e quatro mortos era em acidente com motocicletas.

A companhia ainda diz que circulam pela Avenida 23 de Maio, 250 mil veículos por dia, em média. 50 mil são motocicletas. Na cidade de São Paulo, de acordo com a CET, entre 2018 e 2020, os acidentes de motos geraram um prejuízo de 2,14 bilhões, entre mobilização de estrutura, danos materiais, gastos médicos e perda de produtividade. No mesmo período, os acidentes de moto na 23 de Maio custaram R$ 10,92 milhões.

ASSISTA AO VÍDEO DA CET

 


Fonte: Diário do Transporte

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