Desespero no trânsito

Causando distúrbio orgânico e comportamental.
              
  O
engarrafamento e a lentidão do trânsito levam à perda da liberdade de ir e vir,
gera insatisfação, estresse, altera função orgânica e é capaz de gerar distúrbio
de comportamento. O autocontrole é essencial em ambiente de desconforto.
A irritabilidade é o primeiro sintoma manifesto e é quase sempre uma
resposta excessiva a esse estímulo de ansiedade no trânsito. É na realidade uma
resposta dos sentimentos do indivíduo. Manifesta-se com maior ou menor
intensidade dependendo da formação, caráter, personalidade e uma série de
outros fatores externos e internos. A complexidade do organismo humano muitas
vezes leva a um desequilíbrio que pode ser notado não só pelo indivíduo como
por aqueles que estão ao redor. 
O aumento do potencial elétrico nas
pessoas pode ocasionar perturbações nas funções dos neurotransmissores, por
exemplo, e isso ser notado.

Sabemos que torres de celular, antenas de TV e altos níveis de poluição
eletromagnética na atmosfera provocam aumento do potencial bioelétrico que é
capaz de provocar alterações nas ligações neuronais e baixa produção de
serotonina. Esta substância é além de sedativa e calmante, é aquela capaz de
elevar o humor e produzir sensação de bem estar.

Na lentidão e no engarrafamento do trânsito com estresse físico,
psicológico, social, com desvitalização bioenergética, perde-se o controle dos
impulsos, ocorre queda da serotonina que por sua vez reduz os
neurotransmissores controladores do comportamento explosivo (“diz-se que o
indivíduo está com pavio curto”).

Outros fatores psicológicos e
psiquiátricos como compulsão, transtorno explosivo intermitente (TEI),
sociopatias, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), depressão, ansiedade,
problemas afetivos, agressividade e outros têm baixa produção da serotonina. É
essa serotonina elevada que nos mantém alegres, bem humorados, tolerantes e em
equilíbrio. É na realidade um dos mais importantes neurotransmissores.


A perda do controle significa que o nível
de serotonina está baixo, podemos aí reagir com distúrbios de comportamento
dependendo daqueles fatores psicológicos e psiquiátricos e outros fatores
pessoais. Podemos chegar à impulsividade, agressividade e a violência verbal,
gestual e física. O que, aliás, é hoje muito comum no nosso trânsito.

O distúrbio de comportamento pode manifestar-se também com negligência e
imprudência como produto da agressividade. Dar fechada, jogar farol alto, colar
na trazeira e por aí vai. Tudo isso causa no motorista envolvido nesse trânsito louco das grandes
cidades, exacerbação do estresse físico, psicológico e social. Nos portadores
de um perfil potencialmente psiquiátrico, os surtos patológicos afloram e podem
agravar-se.

É uma das causas do “Road Rage” (fúria no
trânsito). Outros sinais e sintomas podem ser percebidos como:
                  – taquicardia (batimento
cardíaco acelerado)
                  – taquipnéia (frequência
respiratória aumentada)
                  – extrassístoles (batimento cardíaco
irregular)
                  – elevação da pressão
arterial
                  – dor no estômago
                  – enjoo
                  – transpiração (suor)

As que mais sofrem são as pessoas tensas, apressadas e ansiosas. O quê fazer?
                  – buscar permanentemente o
equilíbrio
                  – não buscar explicações para
o problema
                  – relaxe
                  – coloque música ambiente
                  – sente-se confortavelmente
                  – faça um alongamento
                  – mantenha o bom humor
                  – converse com o passageiro
ou o parceiro de infortúnio
                  – troque gentilezas
                  – coloque uma coisa doce na
boca

Lembre-se que todos que estão no trânsito são parceiros de infortúnio e
não inimigos. O autoestímulo, bem como o estímulo de cada um que se encontra na
lentidão ou no engarrafamento, seja com um sinal positivo, com uma palavra de
conforto, com uma simples brincadeira, uma gentileza serão certamente agentes
atenuantes do desgaste físico, mental e social que todos estão vivendo.

Uma conversa, uma brincadeira, pode aumentar a produção da serotonina e
sairmos daquela realidade para momentos felizes quando nos ocupamos com outra
atividade de lazer.

   Dr. Dirceu Rodrigues Alves Júnior é diretor de Comunicação e do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da ABRAMET.
                         
                                      
                              

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