Empresas de aplicativo no motofrete sugam a vida do trabalhador com a ilusão de transformá-lo em MEI

Ser micro empreendedor individual (MEI) no Brasil deixou de ser liberdade de horário, ter bons rendimentos e baixos custos. A relação custo benefício só tem aumentado para o trabalhador diante da crise em que, o lado que detém o poder, que sempre é a empresa contratante, dita as regras. No caso do motoboy MEI, a mentira é maior ainda porque se ele é o empresário, porquê não negocia preço direto com o tomador de serviço? E mais… fica com todo o custo do exercício da profissão?
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Ano após ano, o valor do repasse ao motociclista só tem caído. De R$ 22,00 a 25,00, hoje o trabalhador recebe em média R$ 12,00. Queda de cerca de 50% no valor. No mesmo tempo o profissional registrado em carteira teve aumentos em todos os anos baseado na inflação, além de manutenção de direitos conquistados.

Além disso, o trabalhador que está em aplicativos, para tentar manter os ganhos iniciais precisa trabalhar muito mais tempo, com isso, se cansa mais e acaba correndo mais riscos. Tem gastos maiores com manutenção da moto, com gasolina, óleo e pneus, além de outros. Sujeita-se ainda a uma alimentação rápida (muitas vezes dogão e suco). Os registrados em carteira tem VR.

Os Kms rodados são muitos mais principalmente para quem mora nas periferias, já que a maioria dos chamados são no centro e zona sul. Os motociclistas de app não recebe aluguel da moto nem Kms excedentes, enquanto os das empresas express recebem.

Ainda assim, os MEIs precisam estar com documentos em dia, ter Condumoto, Licença Motofrete, Taxas da prefeitura e do MEI em dia. Tudo isso pago do próprio bolso. Se não tem, não trabalham.

Quando se acidentam, a moto fica no cavalete e se não estão em dia com suas obrigações como MEI, perde o auxilio-doença e precisa da ajuda de amigos que fazem “vaquinha” ou familiares. Se a moto for roubada, ficam sem trabalhar. Nas empresas de express o empresário tem que ceder moto para o trabalhador por um tempo.

O que se percebe nessa situação de MEI no motofrete é o mais completo abandono das empresas de aplicativo que os contrataram. Elas não tem responsabilidade social com o trabalhador que fica a ver navios em caso de acidentes.

Assim, poucos trabalhadores que exibem contra-cheques em grupo é que conseguem a muito custo manter um ganho que não vale a pena diante do desgaste do trabalhador. A maioria dos que estão nas empresas de aplicativo de motofrete pagam pra trabalhar por conta de uma ilusão vendida. Observa-se um risco enorme dos trabalhadores motociclistas para dizer que são MEI, porém, com um custo muito grande: o de perder a vida e o pior: deixar familiares na mão.

Foto: Ministério do Trabalho

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