Sem fiscalização da própria 99Moto, que aprovou cadastro de mototaxista que nem CNH tinha e trabalhava irregular, passageira morre ao cair da motocicleta
Maria Cícera dos Santos, 43, auxiliar de limpeza, estava na garupa do mototaxista clandestino que transportava livremente passageiros na região metropolitana de São Paulo. Ela morreu após cair e ser atropelada por um caminhão na terça-feira (29) em Carapicuíba.
O acidente que aconteceu às 8h30 da terça-feira (29), na Avenida Vitório Fornazaro, no limite entre Carapicuíba e Barueri, foi uma fatalidade. O mototaxista contou que precisou reduzir a velocidade no semáforo e caiu após, supostamente, ser atingido por um carro que vinha atrás. O motorista desse veículo, no entanto, nega ter provocado a batida. Na queda, tanto o condutor quanto a vítima foram arremessados na pista. Na sequência, ela foi atropelada por um caminhão que trafegava no mesmo sentido na via.
Em depoimento à polícia, o mototaxista admitiu que não tinha habilitação e usava uma conta falsa criada no aplicativo 99 Moto. Ele relatou ter pago R$ 250 pela conta e usava a moto da mãe, sem a autorização dela. Na ocasião, o suposto mototaxista foi preso e liberado, dias depois, que agora responderá por homicídio doloso, falsidade ideológica, condução sem habilitação e alteração do local do acidente.
Maria deixa filha de 13 anos, uma família devastada com sua morte precoce e a certeza de que o mototáxi é, de fato, perigoso.
A 99Motos, bem como administração de Carapicuíba, lamentam o ocorrido, mas a vida de Maria se foi, assim como sonhos que não poderá realizar. A filha segue órfã.
E a empresa? Bem, também segue insistindo em oferecer o serviço de transportes de passageiros sem oferecer segurança a quem paga pelo serviços e quem executa o serviço.
Não quer discutir com sindicatos, nem com o poder público, regras mínimas de segurança, proteção aos trabalhadores e usuários. Oferece uma remuneração que sequer garante que os mototaxistas vida digna, pelo contrário, pela falta de opção profissional e emprego, sujeitam-se a essa forma de exploração moderna.
Ela Ilude trabalhadores com falsa sensação de autonomia, de liberdade e de que eles respondem apenas a si mesmos.
O mototaxista envolvido nesse acidente agora vai responder sim, por ele mesmo, mas não com possibilidade de ditar preço de corrida, quantas horas quer trabalhar. Vai responder à justiça e sofrerá, sozinho, as punições impostas pelas autoridades de trânsito por ter causado a morte de Maria.
E a 99Motos, ah, essa segue substituindo trabalhadores por outros que ainda não entenderam que são escravizados em pleno século 21.
E a Maria? Infelizmente partiu.