Reportagem revela esquema de INFILTRADOS do iFood em protestos da categoria

Segundo reportagem da Agência de Jornalismo Investigativo Pública, o iFood criou um esquema de perfis falsos nas redes sociais para desmobilizar as mobilizações da categoria em 2020 e 2021. Em suma, páginas de suposto apoio às mobilizações foram criadas à época para se conectar aos trabalhadores, entender suas vontades, porém para agir com efeito contrário. Tais páginas eram administradas uma agência de inteligência e monitoramento digital que prestava serviços em uma campanha contratada pelo iFood.

ENTENDA

Um conjunto de documentos e relatos obtidos pela reportagem do portal indicam que, entre julho de 2020 e, ao menos, novembro de 2021, a agência Benjamim Comunicação e depois também a agência Social Qi (SQi) monitoraram greves de Entregadores. Assim, até pelo menos outubro de 2021, as agências teriam produzido conteúdo para redes sociais e feito campanha pela vacinação prioritária dos Motofretistas a serviço da empresa de delivery.

A ideia de cada postagem era enfraquecer os movimentos mas creditá-la sempre a um outro trabalhador integrante da categoria. Para isso, os posts não tinham “cara de profissa”, eram em formatos mais “escrachados”, segundo print de conversa entre funcionários da agência. Além disso, também mantinham os perfis ativos em comentários das mobilizações, tento no Twitter, Facebook e Instagram.

RELATOS DE FONTES

O modelo era o de propaganda lado B. Tipo o que o Bolsonaro faz com o gabinete do ódio, mas que as agências já fazem há muito tempo”, diz uma das fontes. No universo da propaganda política, esse tipo de ação é comum, explicou uma especialista ouvida pela reportagem. “O lado B é uma prática de campanha política, eles sempre fazem. Toda campanha grande tem uma equipe lado B que basicamente faz conteúdo sobre um inimigo. Sempre sem assinar.” 

As páginas foram feitas para interagir com os entregadores, para entender eles. Mas também para ajudar o iFood no seguinte sentido: as pessoas querem fazer greve, mas o iFood não quer greve, então, ao invés de cancelar a manifestação e soltar um monte de fake news, nós usávamos a inteligência [digital] para entender como é que poderíamos esvaziar a narrativa da greve”, contou uma fonte que também afirmou ter trabalhado no projeto por meses. 

Algumas das principais páginas criadas para minar o movimento dos trabalhadores foram: “Não Breca meu Trampo” e “Garfo na Caveira”, criadas e coordenadas pelas Benjamin Comunicação e SQi, respectivamente. Esta primeira é uma agência sem site nem redes sociais ativos, e tem como sócio e administrador Luiz Flávio Guimarães Marques — mais conhecido como Lula Guimarães no universo do marketing político-eleitoral. Lula foi o responsável pela propaganda da campanha presidencial de Eduardo Campos e Marina Silva (2014), de Alckmin à Presidência (2018) e de João Doria à Prefeitura de São Paulo, em 2016. Já a segunda é uma agência focada no gerenciamento de crises, campanhas políticas e monitoramento de redes para entes públicos e privados — segundo seu site. Ela trabalha com base em programas de monitoramento de redes sociais — conhecidos como softwares de “big data” por terem a capacidade de obter informações a partir de conjuntos muito volumosos de dados.

CONFIRA ALGUNS VÍDEOS OBTIDOS PELA PÚBLICA COMO PROVA DA AÇÃO

GIL DOS MOTOBOYS

A reportagem da Pública não podia ser mais clara! O trabalhador precisa entender: o patrão não está nem aí para nós. O único remédio para toda a falta de valorização, melhores salários e dignidade de trabalho é a união da categoria. Como presidente do SindimotoSP repudio veementemente as ações do iFood e tomaremos as providências cabíveis contra tais atos ditatoriais e de exploração com os Motoboys do Estado. Seguimos firmes, companheiros!”, afirma Gilberto Almeida dos Santos.

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