Rappi Turbo quer entregar agora até roupas em 10 minutos; serviço oferecido pela empresa passa por cima da Lei Federal 12.436 que proíbe apressar motoboy
Se não bastasse essa afronta e desrespeito à lei, vidas dos motociclistas profissionais também são colocadas em risco para que tempo da entrega seja cumprido.
Depois de disponibilizar entregas com motoboys e entregadores de itens de supermercados, bebidas, refeições e pequenas encomendas, a Rappi Turbo agora vai entregar em até 10 minutos, peças de vestuário, em uma parceria com famosa marca de roupas – que investe fortunas em divulgação através de influenciadores famosos, com anúncios em podcasts, vídeos de YouTube e posts em redes sociais- somando ainda no catálogo da empresa, dispositivos eletrônicos e kit com bolo para festa de aniversário.
Segundo representante da Rappi Turbo no Brasil, esse catálogo da empresa ainda vai diversificar mais, para além de vestuário e o citado acima.
Óbvio que a empresa querer diversificar mais sua atuação, no setor de entregas, para estar à frente da concorrência é bom negócio para ela, porém, se torna mau negócio para os motociclistas profissionais pela pressão do tempo na entrega dentro do prazo.
Para se ter uma ideia da sede pelo lucro da Rappi, em 2024, ela adquiriu a startup indiana de gerenciamento de suprimentos Fountain9, para melhorar ainda mais sua operação, entregando mais produtos e ampliando número de clientes.
Os investimentos tanto da Rappi Turbo como suas empresas parceiras são milionários, porém, ao se falar de entregadores, motoboys, que fazem a parte mais perigosa, ou seja, o da entrega, os investimentos são quase nulos.
Os motociclistas vivem uma exploração em pleno século 20 e submetem-se em trabalho de longa jornada e baixa remuneração.
Quando reivindicam direitos trabalhistas, benefícios ou melhores condições de trabalho, o que acontece? Exclusão da plataforma, sem explicações.
Com essa ação de entrega em 10 minutos, a Rappi Turbo ganha clientes passando por cima da Lei Federal 12.436, que proíbe apressar motoboy com limite de tempo em entregas. Coloca ainda em risco à vida desse profissional que não vê outra alternativa a não ser submeter-se a esse círculo vicioso.
As autoridades públicas constituídas para fiscalizar essas empresas, bem como as que se comprometeram em campanha política dar fim a essa precarização, precisam agir, e urgentemente, porque uma geração de trabalhadores está morrendo ou ficando seriamente ‘sequelada’ por conta dos aumentos de acidentes com trabalhadores motociclistas.